O cabeçalho acima já é um indício de que eu já estou de volta. De fato, estou mesmo.
Isso para mim foi uma grande coisa. Não só porque eu estava com saudades (muitas saudades!) da Martha e do Raphael, como também porque eu estava ansioso com relação à conexão nos Estados Unidos. Vou tentar explicar.
Nos Estados Unidos, ao passar na imigração, você recebe um canhoto para devolver na saída do país. Este seria o registro da tua saída do país. Normalmente isso é feito no check-in, na viagem de volta, mas por alguma razão isso não tinha sido feito na última vez que saí dos Estados Unidos. Só percebi isso na hora de apresentar o passaporte à imigração nesta viagem, na ida. O agente de imigração deixou-me passar, mas ele disse que eu não podia mais fazer conexão pelos Estados Unidos.
Durante a minha estadia na Coréia, eu tinha tanto trabalho a fazer que não tive tempo para ficar ansioso com este problema. Mesmo assim, eu reportei o problema à empresa logo que eu cheguei à Coréia. Esperei duas semanas para obter alguma resposta, mas não obtive nenhuma. Perguntei de novo, e o meu gerente respondeu que não achavam que eu teria problemas, e que eu poderia entrar em contato com o consulado para ter mais certeza. Este "contato" foi feito por e-mail, e a resposta deles deixou-me mais inquieto que tranquilo. O consulado direcionou-me para uma seção de perguntas e respostas da internet que dizia que eles checavam os voos de saída com as companhias aéreas, mas sugeriu que eu entrasse em contato com o departamento que lidava com a imigração. Este departamento, no entanto, respondeu-me que a minha saída provavelmente não havia sido registrada propriamente, e eu teria de devolver o papel com alguns comprovantes de que eu havia saído antes do tempo devido (e eu não tinha nenhum desses comprovantes).
Tentei entrar em contato novamente com a empresa novamente, pedindo para considerar a possibilidade de remarcar a passagem para passar por outro país. A resposta da empresa foi que seria muito caro remarcar a passagem (algo em torno de 2000 dólares) e, por isso, eu teria de voltar pelos Estados Unidos, mesmo. A única coisa que providenciaram foi uma declaração da empresa de que eu trabalhava lá. Disseram que isso deveria ser suficiente para eu passar pela imigração sem problemas.
Foi nesta situação que eu fiz a viagem de volta. As noites anteriores foram mal-dormidas, por causa da ansiedade com a possibilidade de ser barrado, preso, ter o visto cancelado, ou, quem sabe, ser deportado para o local de origem (nesse caso, a Coréia). Tentei imaginar o que eu faria em relação ao meu emprego se algo errado acontecesse. Eu tentei dizer a mim mesmo que provavelmente eu não teria problemas, mas a ansiedade falava mais alto.
Consegui terminar o trabalho todo na quinta-feira, dia 28, e saí definitivamente da Samsung Electronics neste dia, após um happy hour com a equipe que trabalhou conosco. Nesta noite, fomos a um restaurante para comer churrasco coreano e depois a um bar para comer frango frito. Foi uma noite agradável, talvez a primeira noite de trabalho sem a pressão e a cobrança que eu sentia todos os dias. Depois, voltei para o hotel, conversei com a esposa e filho, e tentei dormir.
No dia seguinte, tentei usar tudo o que o hotel oferecia, mas que não tinha tido tempo para usar antes (o hotel tinha uma academia de ginástica e um banheiro público, do tipo ofurô), e fiquei até o último minuto. Depois de fazer o check-out, eu consegui fazer um passeio à fortaleza de Hwaseong, que ficava próximo do hotel. Depois disso, voltei ao hotel, peguei as malas e fui ao aeroporto. Os meus "won"s (a moeda local, equivalente a aproximadamente um milésimo de dólar) acabaram: por isso, não pude comprar mais nada do que eu queria comprar nem do que os meus amigos tinham-me pedido para comprar.
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Templo situado próximo à uma das principais entradas da fortaleza de Hwaseong (Paldalmun) |
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Início do trecho de serra da fortaleza, entre os portões de Paldamun e Hwaseomun. A muralha sobe até o topo da montanha e depois desce para a próxima entrada. |
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O ponto mais alto da fortaleza, de onde se pode ver toda a cidade de Suwon. Esta construção era usada para observar a chegada de inimigos à distância. |
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Portão Hwaseomun, ima das principais entradas da fortaleza. |
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Uma placa indicando a distância do quartel-general da fortaleza em relação a outros lugares. Note a distância ao Rio de Janeiro... |
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A maior igreja de Suwon, vista do muro da fortaleza |
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Cabeça de porco à venda no mercado do centro da cidade |
O vôo de volta foi mais tranquilo que o de ida, pois eu não estava mais gripado. Na hora da imigração, eu tentei controlar a ansiedade quando o oficial de imigração checou os meus registros após tirar as minhas digitais e a foto. Quando ele verificou que estava tudo certo, eu respirei aliviado, como se um fardo tivesse sido tirado de mim. Eu continuaria a juntas as provas e levá-las comigo nas próximas viagens aos Estados Unidos, mas, por enquanto, eu estava pronto para voltar ao Brasil. A segunda parte da viagem foi ainda mais tranquila, pois o voo estava vazio e eu tinha três assentos só para mim. Isto era o que eu precisava para tirar uma soneca antes de chegar em São Paulo. Cheguei em Guarulhos no dia 29 de dezembro, às 11:30 da manhã.