Suwon, 8 de dezembro de 2012
A viagem de ida para a Coréia normalmente leva entre 30 e 35 horas, dependendo da rota utilizada. Como a Coréia do Sul fica quase do outro lado de São Paulo, pode-se utilizar várias rotas diferentes para chegar ao destino: já fui para lá através de Paris, Amsterdã, Dubai, Istambul e, desta vez, por Los Angeles. Neste caso, foram 14 horas na primeira parte, 2 horas e meia no aeroporto, e mais 13 horas na segunda parte.
Na véspera da viagem, eu comecei a ter os sintomas de uma gripe leve: dor de garganta, um pouco de febre e de dor no corpo todo. Os sintomas pioraram durante a viagem, e senti mal a viagem toda: a dor no corpo aumentou, comecei a tossir e a escorrer o nariz. Na descida do avião, comecei a ter uma dor aguda nos ouvidos devido à diferença de pressão atmosférica, embora nunca tivesse sentido isso antes. O pior é que, na entrada da Coréia eu tive de preencher um formulário declarando os sintomas que eu estava sentido. Não sei por que, mas acabei não indo para quarentena, mesmo declarando que eu sentia doente.
A conexão é diferente em cada lugar. A de Paris era sem-graça, não havia assentos confortáveis, tudo era muito caro e o tempo de conexão muito longo. A de Amsterdã é um pouco melhor, pois há lugares onde você pode se reclinar e descansar enquanto espera o próximo vôo. A de Dubai é a melhor: o espaço para conexão é grande, os assentos confortáveis, o café da manhã está incluso, e os preços do duty free shop são bastante convidativos. Em algumas conexões, é possível fazer uma visita relâmpago à cidade próxima do aeroporto, mas é necessário pagar pelo tour, e eu acabei não aproveitando esta oportunidade.
Em Los Angeles, a conexão foi bastante rápida e, por isso, não tive tempo para desfrutar das facilidades da sala de conexão. De qualquer forma, não tinha muita coisa além de assentos, banheiros, uma loja de conveniência e conexão Wi-Fi. Um outro incidente ocorreu em L. A.: descobri na imigração que não tinha devolvido o cartão de saída dos Estados Unidos na última viagem que fiz para lá. Por causa disso, ouvi do oficial de imigração que eu não poderia mais fazer conexão pelos Estados Unidos. Notifiquei a empresa sobre o incidente, mas não sei como eu vou voltar ao Brasil sem mudar a passagem.
Antigamente, eu tinha um sono pesado, e dormia bem mesmo em viagens de avião de longa distância. Isso foi há dez anos atrás. Desta vez, eu quase não consegui dormir, e passei quase toda a viagem explorando a única atividade que eu me sentia capaz de fazer: assistir filmes. Assisti a sete filmes durante a viagem, e aproveitei para ver os filmes de ação que não consegui ver antes no cinema ou em vídeo por ter uma criança em casa.
Hoje, eu vejo como a minha vida mudou desde os meus trinta anos. Eu aproveitava este tempo de viagem para dormir, para meditar sobre a minha vida, sobre o meu relacionamento com Deus e com as pessoas próximas de mim, para ler um bom livro, para escrever. Hoje, não consigo mais fazer isso: entediante é o adjetivo certo para descrever o tempo gasto no avião e nas conexões. Eu creio que a mudança aconteceu porque a minha postura diante da vida mudou. Eu trabalhava muito, mas sabia ter o meu tempo de descanso e de solitude para refletir sobre as coisas que aconteceram comigo e para recobrar as minhas forças. Com o tempo, as pressões para fazer mais em menos tempo foram aumentando, a minha ansiedade para dar conta das exigências foi aumentado, e este tempo de descanso ficou cada vez mais escasso. Por isso, quando a oportunidade de não fazer nada bate à minha porta, eu me sinto compelido a buscar alguma coisa para fazer, mesmo estando muito cansado para fazer qualquer coisa. Eu preciso reaprender a passar algum tempo sem fazer nada sem achar que estou perdendo alguma coisa com isso.
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